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sábado, 7 de agosto de 2010

Audição

Ouvia música a todo o momento em que lhe era permitido, claro, os fones estavam sempre ali penduradinhos.
Ouvia, mas não apenas ouvia, lembrava-se! De músicas que marcaram, que marcam, que marcarão, de músicas que já lhe disseram "é isso cara, que eu sinto" e músicas que desejava que sentissem aquilo por ela.
As ondas sonoras estridentes de um não, seguido por baixos e guitarras lembrava de uma época em que era não apenas uma cantora de banheiro, era de uma banda de banheiro, riu, não apenas sorriu, riu com os olhos que observavam a cidade que passava a uns 60 km/h, parecia tão viva aquela parte, é nova aquela casa?
Silenciou.
Eis que surge a bateria, com uma longa introdução, típica dessas músicas que ouvia incessantemente, há tempos. Descompasso, desperdício.
Se prendeu a um trecho, em que dizia, algo sobre tristeza exata, sobre se acostumar a não ter mais nem isso.
Chorou. Sem lágrimas. Com os olhos, mas sem lágrimas, a cidade não parecia mais tão viva, estatificou-se ali, ao som dele que dizia, algo sobre o acaso, abrigo e proteção.
Sentiu-se desprotegida, levantou, puxou a corda.
Saltou dali.
Começou um suave Uuuuuhhhh
"Se voltar desejos ou se eles  foram mesmo, lembre da nossa música. Se lembrar dos tempos dos nossos momentos lembre da nossa música!"

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